Conjuntivite – o que é, tipos, causas, sintomas, tratamento
- Dra. Alléxya Affonso
- há 2 dias
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O que é conjuntivite?
A conjuntivite é uma inflamação que atinge a conjuntiva, uma membrana fina e transparente que reveste a parte branca dos olhos (esclera) e o interior das pálpebras. Essa estrutura tem a função de proteger o olho contra agentes externos, ativando uma resposta inflamatória sempre que necessário.
Os primeiros sintomas geralmente incluem olhos vermelhos, sensação de coceira, lacrimejamento excessivo e sensibilidade à luz. Outros sinais podem variar dependendo da causa da conjuntivite.
Essa condição pode afetar um ou os dois olhos, sendo mais comum o acometimento bilateral. A duração costuma ser de 7 a 15 dias, mas pode variar conforme o tipo de conjuntivite. Em geral, o quadro é autolimitado e não deixa sequelas.
Do ponto de vista clínico, a conjuntivite pode ser classificada de várias formas:
Quanto ao tempo de evolução: aguda, subaguda ou crônica.
Pela característica da secreção: serosa, mucosa, purulenta ou pseudomembranosa.
Pelas alterações na mucosa conjuntival: folicular, papilar, flictenular ou papilar gigante.
Pela extensão das estruturas oculares atingidas: blefaroconjuntivite (quando há acometimento das pálpebras) ou ceratoconjuntivite (quando há inflamação também da córnea).
Pelo agente causador: infecciosa (bactérias, vírus, fungos, protozoários) ou não infecciosa (alérgica, química, mecânica ou por radiação).
Principais causas da conjuntivite
As causas podem ser diversas, sendo as infecções as mais frequentes. Os vírus são os agentes infecciosos mais comuns, seguidas por bactérias e, com menor frequência, fungos.
Além das infecções, a conjuntivite também pode ser provocada por fatores químicos ou físicos, como contato com poeira, fumaça, produtos químicos irritantes, corpos estranhos, radiação ultravioleta, entre outros.
Sintomas mais comuns
Embora os sinais possam variar de acordo com a causa, alguns sintomas são típicos em praticamente todas as formas de conjuntivite:
Olhos vermelhos (devido à dilatação dos vasos sanguíneos da conjuntiva)
Coceira
Lacrimejamento
Sensação de areia nos olhos
Fotofobia (sensibilidade à luz)
Inchaço das pálpebras
Secreção ocular, que pode ser aquosa, mucosa ou purulenta
Em casos mais severos, pode haver dor ocular e edema ao redor da córnea (quemose).
Tratamento da conjuntivite
O tratamento depende diretamente da causa da inflamação:
Conjuntivite viral: Normalmente é tratada com colírios lubrificantes, compressas frias e, em alguns casos, colírios anti-inflamatórios. Casos mais graves podem exigir corticóides, sempre sob orientação médica.
Conjuntivite bacteriana: O tratamento é feito com colírios antibióticos prescritos por um oftalmologista. O uso incorreto de medicamentos pode agravar o quadro.
Conjuntivite alérgica: O controle dos sintomas envolve a identificação e a evitação do alérgeno, além do uso de anti-histamínicos, lágrimas artificiais e, em casos mais intensos, colírios com corticóide.
Conjuntivite química ou física: Normalmente melhora sozinha após a remoção da substância irritante, mas casos mais graves podem necessitar de tratamento específico.
Uma possível complicação é a ceratite (inflamação da córnea), que também precisa de acompanhamento médico e uso de colírios antibióticos.
A conjuntivite é contagiosa?
Sim, principalmente nas formas virais e bacterianas. A transmissão pode ocorrer pelo contato direto com as secreções oculares de uma pessoa infectada ou através de objetos contaminados, como toalhas, travesseiros ou lenços.
Muitas vezes, o próprio paciente transmite a infecção de um olho para o outro. Por isso, medidas de higiene são fundamentais para evitar a propagação.
Principais Tipos de conjuntivite

Conjuntivite Viral
Provocada por vírus, é altamente contagiosa e pode durar de 8 a 15 dias, ou até mais. Os adenovírus são os agentes mais comuns. Os sintomas incluem olhos vermelhos, lacrimejamento, sensação de corpo estranho e fotofobia.
O tratamento envolve o uso de colírios lubrificantes e, nos casos mais graves, anti-inflamatórios ou corticóides.
Conjuntivite Bacteriana
Causada por bactérias como Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Chlamydia. Os sintomas surgem rapidamente após o contágio e incluem secreção purulenta espessa, sensação de areia nos olhos, fotofobia e visão borrada.
O tratamento é feito com colírios antibióticos, podendo durar de uma a duas semanas.
Tracoma
Trata-se de uma forma crônica e grave de conjuntivite causada pela Chlamydia trachomatis, muito comum em regiões com condições precárias de saneamento. Pode causar cegueira se não for tratada adequadamente.
O diagnóstico é clínico, baseado em sinais como folículos, cicatrizes conjuntivais, triquíase e opacificação corneana. O tratamento com antibióticos previne sequelas graves.
Conjuntivite Alérgica
Ocorre em pessoas sensíveis a certos alérgenos, como pólen, poeira, pelos de animais ou cosméticos. Os sintomas incluem coceira intensa, olhos lacrimejantes, vermelhidão e secreção aquosa.
O tratamento inclui medidas para reduzir a exposição ao alérgeno, uso de colírios anti-histamínicos, lubrificantes oculares e, em casos mais graves, corticóides tópicos.
Conjuntivite na Gravidez
Durante a gestação, o tratamento da conjuntivite segue as mesmas orientações aplicadas a outros pacientes, pois a quantidade de medicamento absorvida pelo organismo através dos olhos é mínima.
Conjuntivite em Bebês e Crianças
Em crianças, os sintomas e o tratamento são semelhantes aos dos adultos. No entanto, nos recém-nascidos, a conjuntivite pode ocorrer por infecção durante o parto, especialmente quando a mãe está contaminada com gonococos ou clamídias.
Por isso, em muitos países, como no Brasil, os olhos dos bebês recebem colírios preventivos logo após o nascimento. A conjuntivite gonocócica neonatal é particularmente grave e exige tratamento imediato com antibióticos.
Como evitar a conjuntivite?
Cuidados especiais com a higiene ajudam a controlar o contágio e a prevenir ou atenuar a evolução da conjuntivite, quando ela existe. Qualquer que seja o caso é fundamental lavar os olhos e colocar compressas com água fria filtrada e fervida ou com soro fisiológico.
Os olhos em contacto com a água das piscinas podem contrair uma conjuntivite, devido à presença de dois agentes: por um lado, pode ser fomentada por substâncias irritantes, como o cloro, por outro lado, o agente pode ser infecioso. No entanto, nem todas as pessoas reagem da mesma forma a estes agentes agressivos, ou seja, existem pessoas que fazem conjuntivites, praticamente cada vez que os seus olhos contactam com a água da piscina, sendo nestes casos recomendável a utilização de óculos protetores, outras porém, não apresentam qualquer problema, ainda que usem as piscinas com bastante regularidade.
Durante a conjuntivite bacteriana, as pessoas não devem usar as piscinas de modo a evitar a contaminação da água.
Como complemento ao tratamento das conjuntivites ou à sua prevenção, são inúmeras as recomendações que devem ser seguidas, designadamente:
Manter os olhos secos e limpos;
Evitar aglomerações ou frequentar piscinas públicas;
Lavar com frequência o rosto e as mãos, uma vez que estes são veículos importantes para o contágio de micro-organismos patogénicos;
Evitar abraços, beijos e cumprimentos com as mãos com pessoas infetadas;
Não esfregar ou "coçar os olhos";
Lavar diariamente toalhas, lençóis e fronhas, lavando-as separadamente;
Trocar as fronhas dos travesseiros diariamente, enquanto persistir a crise;
Não partilhar o uso de lápis, rímel, delineadores ou de qualquer outro produto de maquilhagem ou beleza;
Não se auto-medique.