Membrana Epirretiniana
- Dra. Alléxya Affonso

- 21 de nov.
- 4 min de leitura

Saiba o que é a membrana epirretiniana, também chamada de pucker macular, por que ela afeta a visão central, quais são seus sintomas e causas, e como a cirurgia de vitrectomia pode restaurar a visão.
O que é a membrana epirretiniana (pucker macular)?
A membrana epirretiniana macular, também conhecida como pucker macular, é uma fina camada de tecido fibroso que se forma sobre a superfície interna da retina. Essa membrana causa distorções na visão e pode provocar visão embaçada ou ondulada, que tende a se agravar com o tempo.
Na maioria dos casos, essa alteração ocorre na mácula, região responsável pela visão central e pelos detalhes das imagens, por isso o termo membrana epirretiniana macular.
Outros nomes usados para essa condição são:
Membrana epimacular
Maculopatia celofane
Fibrose pré-retiniana macular
Retina e mácula: entenda sua função na visão
O olho funciona como uma esfera. A pupila, localizada no centro da íris, permite a entrada de luz, que é projetada sobre a retina, situada na parte posterior do globo ocular.
A retina é essencial para a visão: ela capta as imagens e as envia ao cérebro por meio do nervo óptico, onde são interpretadas.
No centro da retina está a mácula, responsável pela visão de detalhes finos, leitura e reconhecimento de rostos. Sua área mais central, a fóvea, é a região de maior acuidade visual.
Quando ocorre o crescimento de uma membrana epirretiniana, há distorção na estrutura da retina, comprometendo a função da mácula, o que leva à alteração da visão central.
Causas da membrana epirretiniana
A formação da membrana epirretiniana pode ter duas origens principais:
Membrana epirretiniana idiopática
É a forma mais comum e surge sem causa aparente. Ocorre, geralmente, em pessoas acima dos 50 anos, possivelmente relacionada a alterações naturais do vítreo e da retina com o envelhecimento.
Membrana epirretiniana secundária
Está associada a outras doenças ou situações oculares, como:
Retinopatia diabética
Oclusões vasculares da retina
Inflamações intraoculares (uveítes)
Traumas oculares
Cirurgias intraoculares prévias
Degeneração macular relacionada à idade (DMRI)
Descolamento de retina
Pacientes que já tiveram membrana epirretiniana em um dos olhos possuem maior risco de desenvolver a condição no outro olho.
É possível prevenir a membrana epirretiniana?
As formas idiopáticas não têm prevenção conhecida. Já as formas secundárias podem, em alguns casos, ser evitadas com o diagnóstico e tratamento precoce das doenças de base, como diabetes ou inflamações oculares.
A condição costuma afetar um olho por vez (unilateral), mas em cerca de 10% a 20% dos casos, os dois olhos podem ser acometidos (bilateral).Homens e mulheres são afetados igualmente.
Diagnóstico da membrana epirretiniana
O diagnóstico é feito pelo oftalmologista, com base na avaliação clínica e exames de imagem.
Principais exames utilizados:
Tomografia de Coerência Óptica (OCT) – mostra o espessamento e o relevo da retina, além de identificar o edema macular.
Angiofluoresceinografia (ou angiografia fluoresceínica) – usada em casos secundários, especialmente em doenças vasculares ou tumores.
Durante o exame de fundo de olho, o médico avalia a mácula, o vítreo e a retina periférica. É importante examinar também o outro olho, já que a doença pode se manifestar bilateralmente.

Classificação: graus da membrana epirretiniana
A membrana epirretiniana pode ser classificada em três graus, de acordo com sua aparência e impacto na retina:
Grau 1 – Leve
Membranas finas e transparentes, com brilho semelhante ao do celofane.
Pequenas pregas radiadas podem estar presentes.
Em geral, não há sintomas visuais.
Grau 2 – Moderado
Membranas translúcidas com pregas retinianas mais evidentes.
Tortuosidade dos vasos sanguíneos e deslocamento em direção à mácula (“sinal do garfo vascular”).
Formação de pseudo-buracos maculares.
Grau 3 – Grave
Membranas espessas e esbranquiçadas.
Distorção significativa da mácula, com possível formação de buraco macular verdadeiro.
Pode haver edema macular e exsudatos.
Sintomas da membrana epirretiniana (pucker macular)
Os sintomas variam conforme a fase e a gravidade da doença. Nos estágios iniciais, muitos pacientes são assintomáticos.
Sintomas mais comuns:
Visão borrada ou embaçada
Metamorfopsia (distorção das imagens — linhas retas parecem onduladas)
Diplopia monocular (visão dupla em um olho)
Micropsia (os objetos parecem menores do que realmente são)
Mesmo em casos leves, é importante realizar o acompanhamento oftalmológico regular, pois a membrana pode progredir.
Membrana epirretiniana tem cura?
Sim. A membrana epirretiniana pode ser tratada com sucesso, principalmente por meio de cirurgia, que remove a membrana e melhora a visão. O resultado visual depende de fatores como o tempo de evolução da doença e a saúde geral da retina.
Tratamento da membrana epirretiniana
Tratamento clínico
Para os casos idiopáticos, ainda não existe tratamento medicamentoso eficaz. Nas formas secundárias, pode-se utilizar corticoterapia (colírios ou injeções de corticoide) para controlar inflamações associadas. Pesquisas investigam o uso de substâncias como o 5-fluorouracil, mas ainda sem evidência clínica consolidada.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico é a principal opção nos casos em que há comprometimento visual significativo. A cirurgia indicada é a vitrectomia via pars plana, que remove o gel vítreo e a membrana epirretiniana, permitindo que a retina volte à sua posição normal.
Cirurgia de vitrectomia para pucker macular
A vitrectomia é uma cirurgia delicada, realizada em ambiente hospitalar, normalmente sem necessidade de internação.
Durante o procedimento:
O vítreo (gel que preenche o interior do olho) é removido.
O cirurgião retira a membrana epirretiniana da superfície da retina.
São aplicados colírios antibióticos e anti-inflamatórios após o procedimento, por cerca de duas semanas.
Riscos e complicações
Como qualquer cirurgia ocular, a vitrectomia pode apresentar riscos, como:
Descolamento de retina
Aumento da pressão intraocular (glaucoma)
Hemorragia ocular
Catarata secundária
Recuperação após a cirurgia da membrana epirretiniana
A recuperação visual varia conforme o paciente. A maioria nota melhora gradual da visão em 3 a 6 meses, mas em alguns casos, a recuperação pode levar até 1 a 2 anos.
O acompanhamento pós-operatório é essencial para garantir uma cicatrização adequada e prevenir complicações.
Conclusão: o diagnóstico precoce faz a diferença
A membrana epirretiniana (pucker macular) é uma alteração relativamente comum em adultos e idosos, que pode comprometer a visão central. O diagnóstico precoce e o acompanhamento regular com o médico oftalmologista são fundamentais para preservar a visão e garantir o melhor resultado possível com o tratamento.




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