“De Olho nos Olhinhos”: Retinoblastoma
- Dra. Alléxya Affonso
- 12 de ago.
- 3 min de leitura
Você já reparou se o reflexo dos olhos do seu bebê está normal nas fotos? Já ouviu falar que um simples exame nos primeiros dias de vida pode salvar a visão, e até a vida, de uma criança?

Essas são algumas das mensagens centrais da campanha “De Olho nos Olhinhos”, que visa conscientizar pais, profissionais de saúde e toda a sociedade sobre a importância de detectar precocemente o retinoblastoma, um tipo raro e grave de câncer ocular que atinge principalmente crianças pequenas.

O que é o retinoblastoma?
O retinoblastoma é o tumor ocular maligno mais comum da infância, geralmente diagnosticado antes dos 5 anos de idade. Ele se desenvolve na retina, estrutura responsável pela formação das imagens dentro do olho. Embora seja uma condição rara, pode progredir rapidamente se não for identificada precocemente.

Com o diagnóstico no início, as chances de cura ultrapassam 90%. Em muitos casos, é possível preservar o olho e a visão da criança. Mas, se o tumor não for tratado a tempo, pode haver perda da visão, necessidade de remoção do olho (enucleação) e até risco de metástase e morte.
Quais são os principais sinais de alerta?
Leucocoria: reflexo branco na pupila, visível especialmente em fotos com flash (conhecido como “reflexo do olho de gato”)
Estrabismo (desvio nos olhos)
Vermelhidão persistente no olho
Inchaço ou alterações no tamanho do globo ocular
Perda de visão percebida pelos pais
Esses sinais nem sempre significam retinoblastoma, mas devem ser avaliados imediatamente por um oftalmologista.
O papel da campanha “De Olho nos Olhinhos”
A campanha nacional “De Olho nos Olhinhos” busca informar e orientar sobre a importância do teste do reflexo vermelho, exame simples, indolor e obrigatório, que deve ser feito ainda na maternidade e repetido em todas as consultas pediátricas de rotina no primeiro ano de vida.
A ideia é detectar alterações nos olhos do bebê antes mesmo que os sintomas sejam visíveis, permitindo o encaminhamento precoce para o especialista. A campanha também estimula os pais a observarem os olhos dos filhos em casa, com atenção redobrada a reflexos anormais em fotos e mudanças visuais.
O teste do olhinho é só o começo: A importância do acompanhamento oftalmológico.
Mesmo que o bebê tenha feito o teste do olhinho na maternidade e o resultado tenha sido normal, isso não substitui a necessidade de acompanhamento oftalmológico regular.
A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) recomenda a seguinte periodicidade para as consultas oftalmológicas em crianças saudáveis:
Ao nascimento (teste do reflexo vermelho na maternidade)
Entre 6 e 12 meses de vida
Entre 2 e 3 anos
Entre 4 e 5 anos
A partir dos 6 anos: consultas anuais, ou conforme orientação do oftalmologista
Essas avaliações são essenciais não apenas para detectar doenças graves como o retinoblastoma, mas também para identificar e corrigir alterações visuais que possam interferir no desenvolvimento da criança, como miopia, hipermetropia, astigmatismo, ambliopia (olho preguiçoso), entre outras.
Retinoblastoma: o impacto em diferentes públicos
Crianças e bebês
Devem ser acompanhados desde o nascimento. Quanto mais precoce o diagnóstico de problemas visuais, maiores as chances de tratamento eficaz e preservação da visão. No caso do retinoblastoma, isso pode ser decisivo para salvar a vida da criança.
Famílias e cuidadores
Devem observar os olhos dos filhos com atenção, especialmente em fotos com flash, e não hesitar em procurar um oftalmologista ao perceber qualquer sinal estranho. A desinformação e o atraso no diagnóstico ainda são grandes obstáculos para o tratamento precoce do retinoblastoma no Brasil.
Profissionais de saúde
Pediatras, enfermeiros e agentes comunitários de saúde têm papel fundamental na orientação das famílias e no encaminhamento ágil dos casos suspeitos para avaliação oftalmológica especializada.
Ver é viver, e enxergar desde cedo pode fazer toda a diferença

A campanha “De Olho nos Olhinhos” é um lembrete de que olhar com atenção pode salvar vidas. Ficar atento aos primeiros sinais, exigir exames de rotina e conversar com profissionais da saúde são atitudes simples que têm um impacto enorme no futuro da criança.
Divulgue essa causa. Fale com outras famílias. Compartilhe nas suas redes. E se notar algo estranho nos olhos do seu filho, não espere, procure um oftalmologista.
A visão é um direito. A vida, uma urgência.